O Dr. José Maria da Costa escreve para o portal Migalhas, na coluna Gramatigalhas. Confira abaixo um dos conteúdos publicados.
Dúvida do leitor:
O leitor Fausto Gonçalves do Nascimento envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:
Veja as orientações:
1) Um leitor quer saber se, em português, se escreve com hífen ou sem hífen a seguinte expressão: post mortem ou post-mortem?
2) Observe-se em primeiro lugar que essa expressão é de origem latina e tem o significado de após a morte, posterior à morte ou póstumo. Ex.: “As fotos ‘post mortem’ aparentemente tiveram origem na Inglaterra, quando a Rainha Vitória pediu que fotografassem o cadáver de uma pessoa conhecida ou um parente, para que ela guardasse como recordação, e daí viraram moda”.
3) Como regra para a grafia das expressões latinas usadas em português, a melhor solução em nosso idioma parece obedecer aos seguintes parâmetros: a) não devem ter acentos gráficos, que não existiam na língua de origem; b) também não se deve empregar o hífen, que, de igual modo, não existia no idioma original; c) por fim, como todas as palavras e expressões de língua estrangeira que venham a ser usadas no vernáculo, devem ser grafadas em itálico, negrito, com sublinha ou entre aspas.
4) Em termos práticos, respondendo à indagação do leitor: pode-se escrever post mortem, post mortem, post mortem ou “post mortem”. Não, porém, post-mortem, post-mortem, post-mortem ou “post-mortem”.
5) As mesmas observações valem para a grafia de outras expressões de origem latina empregadas em português: a quo, ad corpus, ad hoc, ad quem, data venia, de cujus, ex adverso, ex nunc, ex officio, ex tunc, ex vi, ex vi legis, habeas corpus, habeas data, lato sensu, pro forma, stricto sensu, venia concessa, etc.
6) Observe-se, nesse sentido, que a Constituição Federal de 1988 é exemplo de correção nas vezes em que emprega, por exemplo, habeas corpus e habeas data.
Originalmente postado em: Migalhas.